O aumento nas temperaturas durante o verão não atrai apenas turistas para o litoral brasileiro. O calor também acaba aumentando o risco para diversos tipos de problemas de saúde , tais como a intoxicação alimentar, micoses, herpes e reações alérgicas a insetos, que estão mais presentes nesta época do ano.

Apesar da intoxicação alimentar ser frequentemente lembrada quando chega o verão, os mosquitos, cupins, as baratas, formigas, vespas e abelhas podem ser responsáveis por incômodos muito maiores nas pessoas que são alérgicas.

Segundo o coordenador técnico do projeto Brasil Sem Alergia, o médico Marcello Bossois, a ferida aberta pela picada dos insetos pode servir de porta de entrada para bactérias. “A pele é uma camada protetora entre o meio externo e o nosso organismo. Quando essa barreira é rompida, aquelas bactérias que de certa forma não seriam patogênicas – formadores de doença – acabam se tornando”, afirmou o especialistas.

Em alguns casos, as bactérias podem penetrar na corrente sanguínea e se depositar nos rins, causando a inflamação deste órgão. Muito comum em crianças, os primeiros sinais são o rosto mais inchado, aumento da pressão arterial e alteração na cor da urina. “É uma doença grave em que o paciente tem procurar logo uma ajuda médica porque os rins podem parar.”

Já as baratas e cupins podem liberar fragmentos que se misturam com a poeira, piorando manifestações respiratórias como rinite, asma e bronquite em quem tem alergia aos insetos.

Abelhas e vespas

As reações alérgicas geradas por picadas de abelhas e vespas são menos comuns, mas quando ocorrem são extremamente graves, podendo levar à morte. “Pode ocorrer um choque anafilático, em que o paciente desenvolve uma urticária gigante, a glote pode fechar e os olhos e lábios aumentam. Pode ainda ocorrer insuficiência respiratória e cardiovascular”, explicou Bossois.

O atendimento médico, neste caso, deve ser imediato. Já existem canetas de adrenalina que podem ajudar o paciente quando ocorre uma picada, mas, apesar de já ser usada na Europa e países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, o medicamento ainda não tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O tratamento no caso das alergias a insetos pode ser feito com uso de anti-histamínicos e pomadas, mas o paciente também pode iniciar uma terapia com vacina, que visa diminuir a sensibilidade alérgica.

Para ficar longe dos insetos – inclusive do mosquito Aedes aegypti, o transmissor da dengue, zika e chikungunya –, o melhor é investir em telas, dedetização e no uso de repelentes. Bossois explica que os naturais, como a vela de citronela e o óleo de andiroba, são os melhores, já que os sintéticos costumam ter fragrâncias que pioram as alergias respiratórias.

Intoxicação alimentar

As altas temperaturas também aumentam o risco de contaminação dos alimentos por bactérias. Apesar do problema já ser conhecido, quando as pessoas viajam parece que os cuidados a mais com a comida acabam ficando de lado – principalmente se não for possível preparar a própria refeição.

De acordo com a nutricionista Clarissa Pedrosa, do Grupo Hermes Pardini de medicina preventiva, a intoxicação alimentar pode se manifestar até 36 horas após a ingestão do alimento contaminado. Os sintomas são dores abdominais, diarreias, vômitos e, em alguns casos até febre.

Quando isto ocorre, é necessário procurar atendimento médico para que não haja desidratação. Principalmente no caso de crianças, idosos, gestantes e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. Após o tratamento inicial, é preciso manter uma dieta mais leve, com frutas, verduras, legumes e comidas de fácil digestão para o trato digestivo conseguir se recuperar por inteiro.

“Aqueles alimentos já preparados, como as empadinhas que às vezes são vendidas por ambulantes, se ficam em temperatura ambiente por mais de duas a quatro horas já apresentam um risco”, afirma a especialista. Clarissa também alerta para as carnes cruas, ovos mal cozidos, peixes, crustáceos e produtos com necessidade de refrigeração e vendidos fora da embalagem.

Outro ponto importante é se atentar para os restaurantes escolhidos para a refeição. “Quando a gente não sabe direito como é feita a higienização nesses lugares, às vezes, até as saladas cruas podem apresentar certo risco porque as saladas e frutas precisam ser higienizadas. O ideal é comer alimentos cozidos e mais simples.”

Doenças de pele

A combinação sol, mar, piscina e areia, além do excesso de suor, aumenta o risco de micoses, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O problema pode aparecer na pele, couro cabeludo, virilha e unhas. Para evitar, o melhor é secar-se bem após o banho, não andar descalço em pisos constantemente úmidos e dar preferência a calçados mais bem ventilados.

O calor também pode fazer surgir brotoejas por conta do contato da pele com o suor. Elas podem se manifestar como bolhas transparentes ou avermelhadas e podem causar muita coceira.

Outro problema é que a mistura de oleosidade da pele com o uso de filtro solar pode favorecer o surgimento da chamada acne no solar. O recomendado, neste caso, é lavar o rosto com sabonete adequado para o tipo de pele, usar tônicos mais adstringentes e filtros solares com base aquosa ou em gel.

E se intoxicação alimentar, maior risco para reações alérgicas e problemas de pele não fossem suficiente para esta época do ano, quem sofre com herpes também deve ficar atento. A SBD explica que os raios ultravioleta mais intensos acabam ativando o vírus.

 

Fonte: Saúde – iG